Qual é a diferença entre aplicação líquida e aplicação com espuma?
Deixa eu pensar.
Nenhuma!
É isso mesmo que você leu, os dois procedimentos são variações de uma mesma técnica.
Vamos entender melhor?
Para contextualizar:
Os vasinhos ou telangiectasias são microvasos, ou seja, vasos microscópicos que ficam dentro da pele e quando estão normais não são visíveis a olho nu, mas quando doentes, se dilatam e passam a ser visíveis a olho nu.
Dessa forma todo vasinho visível é um microvaso doente.
Ter vasinhos significa necessariamente que você tem a doença varicosa mesmo que não tenha varizes grossas.
Já as microvarizes e varizes são veias maiores que ficam logo abaixo da pele e podem ser visíveis quando normais. Quando doentes, elas vão se dilatando cada vez mais e ficam com aspecto mais tortuoso.
Como eu já falei em outros artigos, uma veia doente, que não bombeia o sangue direito, não tem mais solução e não voltará a funcionar.
Os tratamentos existentes hoje se direcionam à melhora da circulação de retorno e, com isso: melhora estética, melhora dos sintomas, retardo da progressão da doença e prevenção de complicações.
E de que forma isso é feito?
Tirando da circulação o que não está funcionando bem naquele momento.
O tratamento de varizes e vasinhos é feito para: melhora estética, melhora dos sintomas, retardo da progressão da doença e prevenção de complicações.
A forma de fazer isso depende de qual é a veia comprometida, dentre uma gama de técnicas que temos disponíveis - cirurgia, escleroterapia, termoablação, laser para vasos etc.
No caso dos vasinhos, não dá pra tirar mecanicamente o vasinho do meio da pele, pois ele está localizado dentro da pele.
Em 1682 se descobriu que algumas substâncias líquidas quando injetadas dentro dos vasinhos causavam a destruição da parede desses vasinhos sem prejuízo da saúde da pessoa.
O vasinho doente era destruído, sumia da circulação e a circulação de retorno era reestabelecida, deixando somente microvasos normais.
A essas substâncias deram-se o nome de esclerosantes e são as substâncias que usamos até hoje.
Um dos esclerosantes mais usadas no mundo é o polidocanol. Ele é usado na forma de líquido na escleroterapia de vasinhos e é o que eu uso nos meus procedimentos.
O polidocanol na forma líquida quando injetado em veias maiores se mistura no sangue, é inativado e não causa o mesmo efeito que causa nos vasinhos.
Posteriormente, em 1953 se descobriu que essa mesma substância, o polidocanol, quando usada em maiores concentrações e na forma de uma espuma, se conseguia o mesmo efeito de destruição na parede de microvarizes, varizes e até de veias safenas mais calibrosas.
E é isso o que eu estou dizendo:
Aplicação líquida e aplicação com espuma são variações do mesmo procedimento.
Para facilitar o entendimento:
Quando quero destruir vasinhos, uso o esclerosante menos concentrado e na forma líquida.
Quando quero destruir veias maiores, uso o esclerosante mais concentrado, em potência maior e na forma de espuma.
Sobre outras características que acompanham o procedimento escleroterápico, há diferenças nos cuidados após o procedimento ao tratar vasinhos e ao tratar veias maiores, como por exemplo:
Uso de terapia compressiva
Tempo de recuperação
Tempo de tratamento
Medicações utilizadas
Tempo de retorno às atividades normais
Quantidade de sessões
Dra Karolina Frauzino é médica angiologista em Brasília-DF, focada no tratamento de doenças venosas, como varizes e trombose. É membro da sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular com Título de Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular.
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