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  • Foto do escritorDra Karolina Frauzino

A única forma de saber é trombose


O assunto de hoje é bem sério e vai ser bem direto.


Há alguns dias, recebi uma mensagem de um seguidor do canal do youtube pelo instagram. Ele me procurou pra agradecer o aprendizado que está tendo com os vídeos, pois até então ele não sabia nada sobre trombose e de repente se viu tendo que aprender sobre o tema depois que foi diagnosticado.


Eu realmente agradeço muito o feedback de vocês sobre os vídeos do canal, que estão melhorando cada dia mais, porque a gente vai aprendendo, mas nem é isso que eu quero contar.

O que eu quero repassar pra vocês tem motivo na saga dele até o diagnóstico de trombose.


Ele, um homem jovem, disse que começou a sentir dor leve e inchaço na perna e no pé esquerdo há 3 semanas.

Como todo bom garoto foi para o Google pesquisar e achou muitas possibilidades: tendinite, fasciíte plantar, trombose, bursite e artrite. Pensou em procurar auxílio médico, mas a rotina corrida e a dor, que não era tanta assim, acabaram adiando essa procura.

Com o passar de três semanas sem a melhora dos sintomas, resolveu procurar auxílio médico, e, tcharam: trombose venosa.

E foi depois do diagnóstico da trombose que ele foi procurar melhores explicações e me encontrou no canal do youtube.

Ainda nessa pesquisa, só depois do diagnóstico, que ele descobriu o risco que ele correu nessas três semanas que ele ficou sem tratamento.

E quer saber? É por causa disso o artigo de hoje.


Bom, antes que você o julgue, vou já dizendo que ele está longe de ser o único ser humano que demorou pra ter diagnóstico de trombose.

Não é um nem dois seres humanos que acabam por descobrir a trombose só depois que ela evoluiu pra um caso sério de embolia pulmonar. Essa semana tive um caso de mulher no meu consultório em Brasília.


Isso por quê?

  • Primeiro: por desinformação, que é o que esse artigo se propõe a combater

  • Segundo: algo que eu já falei em outro vídeo é de, em cerca de 50% dos casos, a trombose venosa acontece de forma pouco sintomática: uma caibra na virilha ou na panturrilha sem qualquer inchaço visível; uma pontada na virilha ao caminhar; uma pequena piora de um inchaço na perna que já existia há anos; ou ainda ausência de sintoma. Gente, 50% é muita coisa!

Tá certo que, no caso que eu descrevi, o seguidor tinha sintomas clássicos de trombose: dor e inchaço súbitos numa das pernas. Até me mandou a foto da perna.

Porém saber disso nunca vai ser suficiente pra alguém diagnosticar uma trombose - mesmo que esse alguém seja eu, você ou o Google-que-tudo-sabe.


Então decora aí:

A única forma de diagnosticar a trombose não é conversando, não é pesquisando, é fazendo exame de imagem.

E hoje o exame de imagem padrão-ouro que temos é o ecodoppler venoso.


O exame ecodoppler:

Também chamado de doppler, ecodoppler, ultrassom ou duplex scan venoso.

O ecodoppler venoso é um exame que utiliza a máquina de ultrassom, pela qual o médico vê sinais representativos do coágulo/trombo dentro da veia. Pra isso, ele vai mapeando veia por veia, procurando esses sinais.

É um exame indolor, que não necessita de jejum e que dá o resultado na hora, permitindo o tratamento imediato.


|Importante falar aqui que, como todo exame, o doppler tem limitações técnicas: do aparelho, da anatomia do paciente ou mesmo do tempo de início da trombose. Esse casos podem dificultar o diagnóstico, mas ainda assim a acurácia é quase 100%.


O exame D-Dímero:

Muito tem se falado no exame do d-dímero, que se popularizou na pandemia do COVID.

O exame D-dímero, escuta só, não diagnostica trombose!

Quando ele dá positivo, significa que tem algum coágulo sendo formado e sendo destruído em algum lugar no corpo, o que acontece na trombose e em inúmeras outras condições, que são o objetivo do vídeo.

Quando o D-dímero está positivo e o médico suspeita que seja por trombose, ele vai fazer o que? Ele vai obrigatoriamente fazer o ecodoppler venoso.


Importância em se diagnosticar a trombose precocemente

Há duas razões importantíssimas que, pensando bem, vale um artigo só sobre isso, que é pra deixar no Google pra todo mundo ver.

  • Primeira: quanto mais precoce o início do uso do anticoagulante, menor é o risco de se desenvolver, depois do tratamento da trombose, a síndrome pós-trombótica.

  • Segunda: com o início do uso anticoagulante, o risco de embolia pulmonar é reduzido imensamente e esse risco vai se reduzindo gradativamente com o tempo de tratamento. Eu preciso dizer que a embolia pulmonar é a maior causa de óbito na trombose? Espero que não.


É isso! Espero ter ajudado vocês.

E vocês vão me ajudar pra que esse artigo viralize, pra que ele apareça pra qualquer pessoa que digite no Google qualquer coisa relacionada com trombose!

E como faz isso? Compartilhando, comentando, curtindo e interagindo.

Isso porque eu até gosto de receber feedback e histórias com finais positivos, mas vamos combinar, esse cara teve mais sorte que juízo!


 


Dra Karolina Frauzino é médica cirurgiã vascular em Brasília-DF, dedicada ao tratamento de doenças venosas. Possui título de especialista e é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.






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