Dra Karolina Frauzino
18 de mar de 20212 min
Assim como no caso de tratamento cirúrgico das varizes, a escleroterapia com espuma também necessita de alguns cuidados. Vamos conhecê-los?
Uma grande vantagem do tratamento com espuma é a não necessidade de se guardar repouso após o procedimento.
Ao contrário disso, as caminhadas devem ser iniciadas imediatamente após o procedimento para estimular a circulação de retorno pelas veias profundas.
Quando queremos colar algo, além de passarmos a cola o que fazemos? Apertar, certo?
Se pensarmos que a espuma funciona como uma "cola" nas veias doentes, conseguimos concluir a importância de se comprimir as veias para que o procedimento funcione. Como fazemos isso? Com a meia compressiva, que é calçada no procedimento e deve ser mantida por alguns dias. Quantos dias? Depende da veia a ser tratada, o que pode variar 24h a 7 dias de uso direto.
Quando injetamos a espuma dentro da veia, ela sempre (sempre!) se mistura um pouco com o sangue que já está dentro da veia e que acaba ficando "preso" no meio da veia endurecida pela espuma. Batizamos esse sangue de esclerus, por causa do nome do procedimento que é a escleroterapia, mas eu costumo chamar de sangue preso mesmo!
Esse sangue preso vai ser absorvido sozinho? Vai!
Porém em alguns casos esse sangue pode gerar dor e inflamação, quando isso acontece, fazemos alguns furinhos para drenar esse pouquinho de sangue.
Aqui, como no procedimento cirúrgico, há risco de manchas. Em parte por exposição ao sol e em parte por reação da pele com a substância da espuma. Ainda com todos os cuidados, em cerca de 10-30% dos casos há alguma mancha no trajeto tratado, mas a boa notícia é que, com todos os cuidados, 90% dos casos some em até 1 ano.
Tratamento com espuma é feito em sessões periódicas, pois há uma quantidade máxima da substância possível de se usar de uma vez só. Dessa forma, dificilmente completamos o tratamento de uma vez só e são necessárias novas visitas para a finalização do tratamento.
O tratamento da espuma é um tratamento prolongado 2 meses, 6 meses, 8 ano são variações possíveis e deve ter isso em mente antes de começar o tratamento.
Nos casos com muitos sintomas mantemos o uso de medicações para a circulação até a finalização do tratamento. O uso de antiinflamatórios também pode ser necessário nos primeiros dias do procedimento.
Uma diferença grande entre os tratamentos com a espuma e a cirurgia é o que chamamos de "recanalização". Sim, após alguns anos, a veia tratada pode começar a se "descolar" e voltar a passar sangue. Isso não acontece com todas as veias, mas via de regra, quanto mais grossa, maior a chance e mais cedo isso pode acontecer. Identificar isso em tempo apropriado permite ao cirurgião vascular fazer sessões de manutenção naquele pedacinho da veia que "recanalizou".
Como prevenir? Não vou nem titubear: uso diário de meia elástica preventiva!
Dra Karolina Frauzino é médica cirurgiã Vascular dedicada ao tratamento de doenças venosas em Brasília, com Título de Especialista em Cirurgia Vascular e Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.